Na madrugada, subitamente, me vejo... Emerson Castro
Na madrugada, subitamente, me vejo cercado por uma neblina densa, úmida, difícil de enxergar através.
Passo a Lembrar das palavras de um irmão, maçom, ontem na nossa reunião semanal, referindo-se ao fato de que o 1º de abril era o dia da mentira, o dia dos políticos.
Aquilo me tocou.
Incomodou mesmo.
No meu momento de fala, retruquei dizendo que a mentira estava para os políticos, tanto quanto o crime estava para o homem e a mulher de bem.
Nao é questão de defender a classe política e sim, de afastar analogias incabíveis.
A política é essencialmente boa, o que vemos de notícias negativas não é política, é crime organizado! Bem compreendido?
Da mesma forma como o criminoso, ladrão, estuprador, latrocida, não representa o cidadão, pai de Família, trabalhador, que sua honestamente, todos os dias, para criar seus filhos.
Amigos, essa generalização só colabora para afastar da vida Publica quem deveria ser incentivado a ingressar nela.
De repente, o motorista de um ônibus passa por mim e buzina.
Me dou conta que parei de correr pra escrever essas palavras, para exorcizar alguns pensamentos.
Me recordo da manha de 1º de janeiro desse ano, quando durante a corrida da madrugada, ja amanhecendo, um motorista parelhou o ônibus ao meu lado e estacionou alguns metros a frente.
Quando cheguei à porta, ele timidamente pediu para tirar uma foto comigo.
Espantado, disse que sim.
A cobradora, veio, nos fotografou e depois pediu uma foto também.
Repetimos a foto e, me atentei para o fato de que aquele dia seria talvez o 1º dia fora da vida publica em 12 anos.
Despedi-me e, ao sair do ônibus, naquela improvável manha de ano novo, ouvi um, mais improvável ainda, "Muito obrigado" dos dois.
Ate hoje, me pergunto, o porque de, dois estranhos, me pararem em pleno fim de madrugada para tirarem uma foto comigo.
Ate hoje, cruzo com o mesmo ônibus, na mesma linha, sentido parque natural, nem sempre com o mesmo motorista, mas quando é ele, sempre me cumprimenta com um sinal de luz.
Mal sabe ele o quanto aquele sinal, alegra e energiza meu dia.
Um sinal de luz,
Um aceno,
Um sorriso.
A esperança que se renova.
Não sei se saio, pela madrugada, buscando saúde física, ou se é pela paz de espirito, do sinal de luz do ônibus, ou do sol que vejo despertar todos os dias.
Ambos servem ao mesmo propósito, secar a neblina que umedece a minh'alma e o meu corpo.
Posso conviver, na vida publica, com neblina que tenta corromper minha visão, impedindo-me de enxergar entre o certo e o errado, mas, graças a Deus, ha sempre um Sol a afastar o nevoeiro e sempre haverá um aceno de faróis a me fazer enxergar o bom caminho.