Ninguém notava, mas ela sabia, era... Márcia Bueno
Ninguém notava, mas ela sabia, era outra. As mesmas feições, o mesmo físico, mas a alma transformada. Via tudo diferente, como se até aquele momento fosse míope e passasse a usar lentes corretivas. Sem dúvida a verdade lhe fora revelada, mas era muito tarde, como tudo em sua vida. Olhou o céu. Felizes os pássaros que podem voar. De repente ficou muito triste, nunca andara de avião. A sua frente o cemitério, a última morada (teve alguma?). Não trazia flores - sempre esquecia dos detalhes. O cheiro de velas acesas inundava o ambiente. Chegou ao túmulo. Ali jaz o amor, para sempre enterrado. Como tudo em sua vida, era muito tarde.