Por ai ando eu, o velho guerreiro que... Nuno Silva
Por ai ando eu, o velho guerreiro que nada conquistou
Atravessou dunas, fortes e fronteiras e nada amealhou
Por demérito ou não só sei que nada alcancei
Por mais que tentasse, por mais que me esforçasse
Já a vida se esgotava, já o nosso amor se gelara
Por estas ruas vagueio
Com as mãos cheias de nada
Nem cicatrizes de guerra marcadas na minha face
Nem feridas fechadas outrora infetadas
Infelizmente liberto da prisão do teu olhar que tanto me acomodei
Por esses teus olhos que tanto sofri e chorei
Por dunas arenosas caminhei
E em altas montanhas guerrilhei
Como é possível um soldado tenaz, bravo e provocador
Tenha acabado sendo apenas mais uma notícia de rodapé na nossa História?
Alguém que por quem tudo lutou?
Acabou aqui no fundo deste antro
Desta vala comum onde sou apenas mais um cadáver sem alma
Que nunca voltará a renascer das cinzas
Nunca verá um amanhecer
Embora voltará a amanhecer
Pois sou apenas um velho conquistador
No apogeu da minha insignificância
Voltará a amanhecer
Um novo amor irá florescer
Um sorriso no teu rosto irá reaparecer
E eu? E eu serei só uma árvore podre e velha
Que já possuiu um verde exuberante
Mas, o Inverno chegou impiedoso
E limpou todas as folhas de esperança que permaneciam fortes
E o verde de vida ceifou
A vida que em mim habitava, cegou e sufocou
E fiquei esta apática e triste arvore
Despida de sentimentos, de cor, de sorrisos e de amor