O BLOCO DO EU SOZINHO Ao deparar a... Ilustríssimo

O BLOCO DO EU SOZINHO

Ao deparar a enorme massa de gente, mais tarde calculada em 300 mil pessoas, um paradoxo: em sua maioria, os manifestantes, ali na concentração da Candelária, lembravam um personagem folclórico do Carnaval carioca, o animador do Bloco do Eu Sozinho. Era o cidadão Júlio Silva, que se transformava no Lorde João Curuti do Pelo Hempé. Em 1919 ele começou a desfilar com sua tabuleta solitária, e o fez até o fim da década de 50. Envergava uma fantasia de fraque, com chapéu de tirolês e calça listrada. Com seu pavilhão levantado, brincava alheio à multidão, cantando para si mesmo, em desacordo com o samba dos outros. No protesto da última quinta-feira, cada qual parecia erguer uma bandeira própria. Quando não desprezaram e agrediram com palavras de ordem, desconheceram as cores e as reivindicações daquele que estava ao lado. Em tese, a manifestação seria para festejar a vitória com a revogação do aumento das tarifas de transporte. Mas o clima foi outro, de confronto e hostilidade com os integrantes de partidos políticos.