Numa dessas mini epifanias da madrugada,... Joyce Santana

Numa dessas mini epifanias da madrugada, peguei-me perguntando para o escuro porque raios tudo se fixa sob o fingimento. Porque raios uma pessoa assume uma personalidade que não é sua, engavetando a vontade própria em busca de aceitação. Finge ser forte, grossa, única, passando-se linda e inteiramente igual a todas as outras. Logo, entro numa contradição de tudo que ouço. "Foda-se essa sociedade", "Desculpe sociedade, mas eu não concordo com isso". E vejo, sem hesitação, que concorda sim. Que concorda, aplaude, abaixa a cabeça e assina embaixo. Vê os problemas e não move um dedo em busca da solução, mas clama pela ação dos outros demandando, ordenando. Fingimento de personalidade, fingimento de caráter, fingimento de vontade própria. Uma busca ridícula por algo raso, sem conteúdo. Incompreendidos são aqueles que não mentem um gosto bizarro, um costume estranho ou uma falha humana. Todos falham. Ninguém é de ferro. Todos fazemos parte da sociedade e fodemos ela de forma igual. Não há problema algum em ser o que você quer ser, independente do que os outros pensam. E, sob as palavras sábias de Pink: "Levante seu copo se estiver errado de todas as maneiras certas", eu adormeço. E se você acha que eu sou estúpido por não usar uma frase clássica, aqui vai uma: Um belíssimo e estrondoso foda-se para você, mon petit aliéné."