Peru de Natal Na verdade eu nunca tinha... Asas Sobre o Mar
Peru de Natal
Na verdade eu nunca tinha visto ou ouvido fatos tão comoventes quanto aos que vi na tarde do dia vinte e quatro de dezembro, nas vésperas de Natal. Era uma tarde escaldante, o mau cheiro se misturava com a quente temperatura, e o suor que banhava a minha camisa “branca de sujeira
O lixo e o desgosto me consumiam naquela tarde.Sentia muita raiva de mim mesmo, por ser o que eu era: um gari fedendo a lavagem podre.Nesse momento de aborrecimento, parei e comecei a observar o que havia ao meu redor.
Naquele instante, vi um bando de “fuscões” pretos, em rodeios sobre as imersas montanhas do lixão, onde brigavam furiosos como furacões, a disputar seu espaço juntamente com um velho já mal das pernas.
Tudo era muito triste e violento, o pobre homem gemia, gritava, uivava, zurrava na briga pelas pequenas carcaças infectas de pequenos animais que ali morriam.
Os urubus bailavam ao som da vitória, pelo céu avermelhado, saboreando as carniças já conquistadas. O velho mergulhado nas lavagens, esmurrava-se de raiva, por saber que talves , aquelas carcaças poderiam ser a sua última refeição de sua vida...