Eram três da matina de um domingo... Iandê Albuquerque
Eram três da matina de um domingo qualquer. Tinha marca de solidão se arrastando pelo chão. Tinha comida estragada pro jantar. Tinha digitais nos copos, tapete usado e lençol manchado. Tinha cor de pele bronzeada no banheiro e não tinha você. - É mágico, o momento em que a gente percebe que o outro não nos quer mais. A gente acorda, se sente livre. É claro que não se afoga um sentimento do dia para a noite. Mas a gente tenta preencher aqueles espaços com coisas novas. Tudo serve para animar, renovar, encher a casa e a vida. Preencher o tempo, costurar e remendar nossas feridas. É claro que vai doer, é claro que a gente vai sentir. É claro que o sentimento ainda vai latejar por um tempo. Toda ferida mesmo com um bom remédio deixa marcas. O remédio aqui, é o sinônimo do amor, mas o contrário de você. Só serve para doer menos, magoar menos, aliviar melhor algumas dores, criar casquinha do cru que fica. A gente supera a partir do momento em que decide ter o que merece. Sem fantasias.