ROTINAS Todos os dias ela segue a mesma... Letícia da Silva
ROTINAS
Todos os dias ela segue a mesma rotina
o despertador está programado para tocar três vezes
mas ela sempre levanta na primeira.
vai ao banheiro, se olha no espelho
tenta identificar o porquê das olheiras
lava o rosto, se veste e lava o rosto novamente.
Tudo parece uma tentativa de tirar a máscara,
de tirar aquilo que parece não lhe pertencer.
Ao sair na rua, observa o céu deslumbrada
as 5 horas da manhã a lua ainda está acordada
mas ela não, ela continua sonhando,
ela preferia nem ter acordado.
depois de trabalhar o dia todo,
rodeada de pessoas que vagam de um lugar para o outro,
vivendo a mesma rotina, infelizes
ela decai em melancolia pois percebe que isso é previsível
e ela sempre faz o que é previsível.
De noite, vai a escola, mesmo sem saber a razão
ela tem sonhos e isso soa como um muro na frente destes sonhos.
Para ela, as pessoas parecem tão vazias, tão mesmas
tão comuns.
Ela conquista os amores sem nem fazer nada,
eles a querem, mas ela não os quer
porque, eles todos parecem parte desta rotina,
e ela chora, por não ter vontade de ter vontade.
Ela vive, ela não ama, ela faz amigos,
mas ela odeia rotinas, e por pior que seja
acaba se tornando alguém comum, como seu maior medo,
ser como todos os outros,
rotineira.