Esta força estranha, de uma busca... Adriana Vargas
Esta força estranha, de uma busca desesperada por algo que tenha cheiro de...vida...de você.
Não podem entender, nem peço permissão para que se misturam ao meu domínio interior, onde tudo se perde, se inunda em partículas que ainda não se desfizeram... Sim, ainda existe por lá, as formas de seus lábios e a sensação de sua voz que trovoa em mim, como se fosse um relâmpago a qualquer momento de meu dia. Percebo os movimentos de sua língua na lembrança viva de um dia que não se acabará. Assim se resume os amores mal resolvidos - a eterna memória da única lembrança que tem - linda, forte, verdadeira. O coração pede por algo que não voltará, bem o sei. Nas corrotelas de uma vontade sem dono, sem leis, sem dogmas - você está. Está, mesmo sem poder, e eu tento explicar para mim, que não é possível, que não pode, que... faltam as palavras...
A espera é como a de quem morreu na estação, sem dar-se conta de sua morte.
A paixão é viva-carmim, como algo que pulsa feito sangue num espaço abrangente de meu ser.
Eu não posso esquecer!
As tentativas de substituir os gostos são desastrosas. Outra mão não se encaixa; não dilui. Prendo o ar por dentro para se tornar despercebida minha verdade. Que não é apenas uma palavra, mas algo que cresce e brota mesmo às escondidas.
Estou condenada a morrer te amando.
Estou prestes a pedir a Deus que este trem chegue em outra estação. Noutro lugar, com as mesmas mãos, mesmos toques, mesma voz, mesmo gosto do beijo na chuva, mesmo coração que deixei para você, e o seu, deixado para mim.