Eu lhe sou grata... Pelas vezes que teu... May Lu

Eu lhe sou grata...
Pelas vezes que teu olhar posou sobre mim
E você enxergou além do meu aspecto
Viu o melhor que posso ser...
O excepcional oculto pelo habitual
Pois as almas das flores não estão em seus ornamentos
E sim no perfume que deixa em nossas mãos.
Sou-lhe grata pela sua capacidade de permanecer...
Abraçando-me num laço transcendente
Equilibrando-me enquanto eu pendia para os lados
Porquanto eu caminhava em cima de um salto agulha
Enquanto o peso da depressão se abatia sobre mim
E a sua força me reinventava
Vazava-me aos poros
Tatuando em minha pele a esperança.
Sou-lhe grata por ficar ao meu lado
Dentro da minha solidão
Abrindo-me os olhos para a glória de mais um dia
Quando a minha vontade era de dormir e dormir.
Ensinou-me a resistir
Dando-me a resistência de um cacto no deserto
Que tem raízes profundas, indispensáveis à sua sobrevivência.
Fez-me compreender que eu poderia ter cores
Apesar da aridez que se estendia a minha frente.
Sou-lhe grata pela paz do sono...
Meu exílio, quando dentro de mim habitava o caos
E meus olhos fechavam
Adormecendo minhas lembranças!
Os sentimentos em "carne viva"
Meu labirinto pessoal, dentro e fora de mim.
Sou-lhe grata por ser meu espelho
Enquanto eu ensaiava um sorriso diante das dores.
Um ensaio cansativo
Pois era duro disfarçar uma tristeza que persistia
E persistia...
De olhares mais atento
Onde estavam eles?
...
Porém com o tempo se aprende
A simular a máscara do disfarce
Diante das agruras da vida,
De um mundo despreparado para o sofrimento alheio...
E sorrio cada vez mais diante dos sorrisos retribuídos
Débeis, desinteressados, desabitados...
Máscaras e mais máscaras!
Cores em telas cinzentas?
Talvez... Quem sabe!
Falta de essência ou carência?
De amor, calor, solidariedade...
O mundo é uma ferida aberta.
Pode o meu sorriso julgá-los?
Não, acho que não...
Mas não vou mentir
E dizer que isso não me incomodava,
Ainda incomoda!
Mas aprendi que ficar de alma aberta
Dói bem mais que um sorriso mascarado
E que às vezes não vale a pena expor a minha nudez,
Pois nem sempre há olhos que possam me enxergar!
Sinto apenas olhares sob as minhas falhas.
Quero sentir também aquele olhar que me revela...
Os diferentes tons que me habitam,
O matiz da mulher que há em mim.
Olhares...
Semelhante ao olhar agraciado que me olhaste
Transluzindo-me através da minha tez,
Sobrepondo-se sobre a minha sensibilidade
Para o colorido que me habita
Apesar dos meus pesares.
Portanto sou-lhe grata por esse estado de graça.
Por esse mundo bonito que você me oferece...
Quando suas mãos pousam sob as minhas
E as repouso sobre as mãos do dono do mundo.
(Obrigado Deus meu!!!)