Eu sinto o sol bater no meu rosto,... Andressa Fernandes
Eu sinto o sol bater no meu rosto, porém estou tão fria. Não me recordo da ultima vez em que estive tão gelada, talvez seja porque estou morta. A morte não é tão ruim assim, na verdade eu já me acostumei com ela.
Não sinto frio, não sinto medo, eu não sinto nada. Às vezes quebro um pouco a cabeça tentando entender as engrenagens que tenho dentro de mim. Mas no final acabo dando de ombros.
A vida é tão simples vista dessa forma, eu não me sentiria incomodada se minhas feridas não estivessem expostas e as palavras tivessem sentido. Eu costumava brincar com as palavras, criar constelações, pronuncia-las. Hoje eu não as entendo.
O silencio na minha mente é tanto que já não gosto mais do silencio e de coisas calmas. A vida esta por todo o lado e tão pouca esta em mim, sinto o cheiro de vida ao meu redor e não sei dizer se é contagiante ou repugnante.
No me estado atual ninguém me nota, e se nota, me teme. Não consigo compreender a ignorância, o medo e a falta de interesse que as pessoas têm pela morte. Fingir que não crê é algo natural, querer ser cego é tolice.
Eu nunca me importei e talvez esse tenha sido o motivo da minha morte.
Deixamos de nos importar, deixamos de importar e por fim deixamos de existir.