Telefonema Ah, as danadas das armadilhas... Anne Py

Telefonema

Ah, as danadas das armadilhas que nossa própria imaginação arma em meio a um caminho besta de tão simples! Um telefonema inesperado que seja é motivo para uma ratoeira delicadamente posta na cabeceira da cama. A “não-ligação”- ou um sinal de fumaça, oras, seja criativo!- no entanto, o faz acordar em um calabouço de pesadelos. Faz com que se criem mil e uma histórias diferentes, sendo a maioria regadas de muito álcool, música e peitos que fizeram com que sua rota fosse mudada- aceite, em nenhuma delas você estava cansado e pegou no sono, seria simples e inofensivo demais. Você já me parece bem grandinho, não é mesmo?! Acreditem, dedos presos a uma ratoeira são um problema bem menor do que ter que se justificar de todas as festas que pode ter ido, de todos as mulheres com quem pode ter saído e de por que cargas d’água você mentiu todas as vezes em que disse, olhando no olho, com seu ar meio tonto e a voz rouca aquele simples e inesquecível “eu te amo”. Correr esse risco é estupidez. Fazer-se presente, mesmo de longe, não dá margem para devaneios. Já a ausência…

http://glacecomlimao.wordpress.com/2013/02/02/telefonema/

Anne Py