O clarão que me cegou No vale da sombra... Pablo de Paula Bravin
O clarão que me cegou
No vale da sombra da morte, onde a felicidade inexiste, se encontra a minha alma, perdida em meio às portas que não se abrem. Meu rosto se encontra ensanguentado em meio aos escombros de meus pensamentos, que insistem em não irem embora.
Tudo por causa da luz que vi, e que não mais verei. Tudo por causa do arco íris preto e branco, tudo por causa das lágrimas da dor que contrastam com a essência da minha felicidade.
Nada mudará, estarei preso eternamente nas algemas desse labirinto barrento e cheio de malignidades. Oh prisão sem muros, oh deuses invisíveis, pra onde levaram a minha pequena esperança?
A síntese sagaz da vida nasce na cachoeira congelada, onde a neve cai por toda a noite e o frio toma conta do meu ser. Neste lugar, nem mesmo a formosura da aurora boreal é capaz de sensibilizar minha face.
É cruel ver o brilho com meus próprios olhos e não poder tocá-lo, nem apreciá-lo. Esse feixe somente aparece nesse vale de mil em mil anos, por isso, essa era a minha única oportunidade, não mais terei vida quando a sublimidade suprema da beleza voltar a figurar por aqui. Oh deuses, façam de mim um de vós, para que eu possa ser imortal e ver novamente tamanha harmonia.
Prefiro se extinguir, a não poder mais contemplar a única coisa sempar desse lago triste e melancólico. Que eu me embriague com o cálice da morte e que o ceifeiro venha me buscar, pois, não mais existo.