São 4 da manhã e eu estou encolhida na... Rosa Soares

São 4 da manhã e eu estou encolhida na cama, agarrando-me a almofada e as lembranças. Os olhos dilatados de tanto chorar, mostram-me um filme do que éramos e do que nos tornamos. Respiro fundo. Olho para o telefone, já são 4h:25min e bem no fundo ainda tenho uma ponta de esperanças, de receber uma mensagem tua a dizer que estás a pensar em mim ou quem sabe um telefonema? As pessoas que amam têm dessas, ligam para quem amam de madrugada e dizem coisas como: ''Só quero que saibas que te amo e sinto muito a tua falta.'' 4h:28min, tu não deste sinal. As lágrimas voltam, a solidão sentou-se no sofá e me observava enquanto comia pipocas, a depressão pegou uma almofada e deitou-se ao meu lado, limpou-me as lágrimas e disse: ''Eu sempre estarei ao teu lado, não precisas chorar.''
4h:35min, soluços, soluços. A solidão ria alto: ''Deixa lá de ser idiota e dorme. Estás condenada a mim.''
Lentamente calei, lentamente adormeci para te encontrar nos meus sonhos, só para dizer que te amo e sinto muito a tua falta, só para que me expliques o motivo de teres ido embora. Só para que... 4h:50min, acordo e a depressão já estava num sono profundo, abraçando-me. A solidão continuava a olhar para mim. Eu chorei outra vez. Chorei porque sem ti eu não estou sozinha, sem ti eu estou com todos os meus demónios.
(..) E o telefone nunca toca.
'' Ele não volta e tu não vais atras. Acabou.'' Disse a solidão enquanto mastigava as pipocas.