Poetisas também morrem Me vejo num... Gabi Assencio
Poetisas também morrem
Me vejo num estado de solidão terrível, daqueles que voltar pra casa é a pior coisa do mundo, como se na rua as pessoas me inspirassem. Me vejo no fim da vida, e mesmo sabendo de minha missão, me sentindo inútil. E aí, vem a vontade de gritar, de sair correndo, de dizer que o mundo é ridiculo e uma súbita vontade de partir. Dizem que sou louca. E eu, a poetisa triste, não terei meu fim ganhando prêmios pelos meus livros maravilhosos… Depois de uma carreira brilhante e dedicada ao próximo, o próximo se esqueceria de mim, e minha última obra será lá, escrevendo carta para mim mesma, no hospício. Do que a jovem poeta morreu? De loucura. A solidão fez isso. Então, ficarei na história da minha maneira. Meus parentes dirão que tentei ser normal e que tentei sorrir também. As enfermeiras da clínica dirão que passei dias escrevendo cartas, e que depois engoli uma por uma, pra minha poesia ficar em mim. Estarei nos livros e na mente de cada um como a escritora que morreu de amor, que o sentimento sublime a fez enlouquecer. Me entreguei. Morri. Mas depois eu volto….mas, só depois..