Foram dias e mais dias preenchidos pelo... Mary Princess

Foram dias e mais dias preenchidos pelo vazio. Nenhuma resposta, nenhum contato. O que ela via era o suficiente para entender o que sonho acabou e ela não era mais bem-vinda. Nenhum lugar fazia sentido. Não para ela, nem naquela dolorosa conjectura. As perguntas voltavam acuadas para a origem de tudo. O sol brilhava e ainda era noite. Melhor dizendo, noite de inverno. Muito tempo para amanhecer, vislumbrar as flores, mas nada havia sido plantado, então seria completamente ilógico aguardar a colheita. Estaria ela viciada na dor?
Impossibilitada de raciocinar com franqueza, era cômodo ser vítima de uma arapuca sentimental, de informações desencontradas. A ilusão não era melhor que a realidade. Aquele sensacional empate entre o pior e o “menos ruim” se mantinha estagnado. Ela não entendia o que teria supostamente feito de tão errado para que ele simplesmente parasse de falar com ela. Existia essa barreira que os impedia de serem um do outro. Porque faltava atitude. Sim, poderia ser culpa dela, por vias de fato... E dele também que tanto dizia sentir saudade e nunca a procurava. Dizia amar e nunca demonstrou. A timidez dela não era desculpa. O amor sempre costuma abençoar os corações com a dose certa de coragem para cativar. O problema é que muito se fala de amor, mas poucos querem lutar. É mais fácil esperar que a outra parte se encarregue de facilitar a entrada, que a pessoa caia do céu, na mais utópica das hipóteses. Sair da situação de conforto exige ousadia.
Ela era indiferente ao ritmo de festa que movimentava a cidade. Impassível a quase tudo. Era loucura esperar pelo que jamais iria acontecer, mas assim ela estava. Não desabava, também não sorria. Considerava-se completamente morta. Puxa vida, não era assim que o amor deveria ser. Há algo de errado nesse paraíso perdido. Talvez ela esteja do lado de fora e ainda não tenha se dado conta. No entanto, se ela não se conscientizar de que o que vive não é amor e sim sofrimento, de nada adiantará aconselhar, dizer-lhe que o tempo tratará de curar as feridas deixadas por esse moleque ingrato. É fato que não será da noite para o dia, porém é certo que ela irá rever as flores, desde que não tenha medo de plantar as sementes e cuidar delas. Pode ser uma terapia revigorante e recompensadora. Pode ser que enquanto esteja cuidando de seu jardim, as próprias borboletas resolvam encontra-la.
Costuma ser assim: o que você pensa que é forte, nem é tanto. Se ela olhar bem de perto, outro garoto está tentando fazê-la feliz. Pode ser que ele não seja quem ela quer e espera, mas pode dar o carinho que ela tanto recusa, mas precisa, não porque implora, e sim porque as janelas da alma não mentem. A tristeza dela é nítida, poética, subjetiva. Ele sofreria para arrancar toda a angústia do coração dela. Ele se mostra interessado em mostrar-lhe que ainda dá tempo de cuidar do jardim e também usar a paleta de cores para antecipar o Carnaval. Talvez ela o queira por perto, quando o outro boboca voltar arrependido pensando que ela vai viver esperando por ele. Talvez ela se machuque com os dois porque obsessão também não é legal. A frequência dela não está boa. Ela precisa mergulhar dentro de si mesma para não procurar a completude em quem não pode fazer nada por ela.
As dores são narradas por intermédio de metáforas. Num mundo tão grande e interligado em tempo real, ela acredita que mais alguém se sinta sozinha também. Ela escreve não com a intenção de falar sobre si mesma, mas narrar o que outras jovens estejam sentindo e não saibam de que maneira exprimir. Ela conseguiu entender que o amor não pode ser escondido. Se por algum motivo essa pessoa te traz mais infortúnios do que alegria, repense. Você merece viver pela metade? Eu não vou dizer a resposta, você é que vai descobrir.