Enquanto Morfeu não me embriaga,... Caio Rossan
Enquanto Morfeu não me embriaga, experimento o amargo do fel, o azedar do néctar. Quando se ama de verdade, às vezes é preciso soltar a ave, ansiosa por planar na amplidão. É impossível traçar seu caminho entre nuvens tempestuosas outrora céu azul anil límpido. Mas é preciso libertá-la da gaiola, vivendo na dúvida da perca para sempre ou do retorno para casa. Arrependimento inexistente por não podar-lhe a asa, o que seria uma atitude egoísta. Quando se ama, é preciso saber o momento em que se liberta. E o dono, entre aspas, nem tão dono, retorna a ave ao mundo que tanto sonhara. Ao encontro de outra ave. À espera que um dia, ela voe de volta ao ninho.