Encontra-se morto aquele que era... Line Lua
Encontra-se morto aquele que era imortal. O sangue verte incessantemente por dias a fio Enquanto o gelo derrete molhando o chão de vidros estilhaçados e papéis enrolados. A roupa suja e amassada se multiplica em torno de pedaços de madeira que já não servem pra nada. Acordo no escuro procurando respostas para pergunta nenhuma e tudo que encontro são restos de cerveja quente misturada com cinza de cigarro. O mel cristalizado já não adoça mais a vida e me obriga a vestir a fantasia daquilo que nunca fui, mas sou, ainda que apenas superficialmente. Visto-a, então, e sigo pela selva da obstrução em direção à liberdade que me aprisiona diariamente e eu, meio que inconsciente, sufoco meus dramas, piso na grama e viro engrenagem. Acordei de péssimo humor.