VIVER NO INTERIOR. Nada mais gostoso e... Robson Santana
VIVER NO INTERIOR.
Nada mais gostoso e nostálgico que estar numa cidade do interior em dias de chuva,
sentir o cheiro da terra e a cidade quase parar,
o menino que brinca livre e alegre numa poça d'água,
em casa,
o silencio nos adormece e o clima nos da o ar de calmaria,
Os que trabalham quase param, pois clientes não ha!
Por mais dura que seja a realidade dessas cidades do interior,
Muitas vezes esquecidas ou literalmente usurpadas pelos nossos governantes,
que apenas aparecem nas eleições oferecendo ferro de passar por votos,
em casas onde não há comida, quanto mais energia elétrica.
Estas cidades esquecidas, berço da maior parte da cultura nacional,
onde outras histórias não contadas,
talvez até mais importante que as contadas nos livros ao falar das capitais,
onde somos escravos do trabalho, e escravos de nós mesmos,
onde o consumismo nos afeta ao ponto de trocarmos um item por dia,
Apenas pelo fato que a novidade é o botão ou bateria de nova cor,
obsoletos? Não importa!
o que importa é ter antes do vizinho,
Assim é o capital,
Passou na TV comprou,
Passou na TV valeu,
Está na TV é pura verdade,
E é assim que nos enganamos
e jogamos no lixo o que temos de cultura.
E insuportável viver num lugar onde 5 quilômetros significa 40 minutos parado.
As pessoas que moram no interiro não querem acreditar que qualidade de vida não é o carro do ano, nem apartamento na rua da praia,
Os valores estão invertidos pela mídia,
e cada vez mais vendem isso como o melhor e as pessoas aceitam , compram e perdem:
Perdem a liberdade,
Perdem o direito de ir e vir,
perdem a simplicidade,
perdem o amor ao próximo
perdem a fé,
perdem a identidade.
Hoje o que eu mais queria era estar numa cidade do interior,
Trocaria meu trabalho stressante e de pessoas pomposas e risos automáticos,
Por talvez um balcão,
Onde encontraria o seu Zé e a dona Maria contando causos enquanto compram a farinha e o feijão.
É estranho, mas creio que até o quitandeiro da cidade do interiro é mais feliz que empresários que nunca põem o pé no chão entre voos e reuniões.
Hoje, eu trocaria I-phones e I-peds, pelo I-pim sobre a mesa, bem quentinho em dias de chuva com a família reunida e em paz.
Trocaria meu carro, por uma caminhada de meia hora todos os dias,
de casa para o trabalho, respirando ar puro e dando bom dia aos vizinhos,
que no raiar do dia limpam cada um as suas calçadas,
e continuo trocando a escola com piscina, internet, restaurante e lanchonete, pela escola do interior
para criar meu filho ao lado de pessoas onde o valor está no ser humano e não no que eles tem ,
onde professor ensina por amor, por carinho e não apenas pelo que ganha. Um professor do interior ganha muito menos que os da capital e são os que mais se destacam na qualidade de ensino. Porque será hem? Ironia dos destinos?
Se for isso tudo ironias, utopias e enganos, que seja,
é assim que eu gostaria de criar meu filho,
indo a feira para comprar, e tirar meia hora dando atenção ao seu Manuel, vendedor de batatas que aos 89 anos ainda trabalha e carrega sacos,
mas nunca deixa o sorriso sair do rosto pois este não é automático, é o espelho da sua alegria por apenas valorizar a vida, acima de qualquer outra coisa.
Só quero fugir para o meu interior e me entregar ainda mais adentro, no interior do interior, e quando o São João chegar esperas os da capital a me visitar.