Soneto prático quando não há mais... Gregório Duvivier
Soneto prático
quando não há mais qualquer coisa após
o que vivemos juntos, a não ser
o fim, com a tragédia de sabê-lo
fim, e a certeza da dor, atroz,
quando você e eu formamos nós
e nossos nós não podem desatar-se,
antes que os nós acabem por cegar-se
e de berrar percamos nossa voz,
por mais que doa e que nos caia o céu
sobre os olhos abertos, e os meus
rasguem-se de dor e feito papel
chovam corpos picados sobre os seus,
por amor mesmo, e para ser fiel,
é preciso saber dizer adeus.