E a cada instante eu pedia ao tempo que... Paul Gambler

E a cada instante eu pedia ao tempo que o relógio parasse por completo. Que nem os segundos corressem contra o meu incontrolável desejo de te-la ali a todo momento, refletindo em seu olhar toda a felicidade explicitada no meu enquanto nossos olhos se encontravam. Eu não queria ter noção alguma de tempo, evitava a todo momento uma habitual vontade de olhar as horas, não ali. Minha atenção fora toda voltada a ela, encarava a sua mágica perfeição enquanto sua voz ecoava em meus pensamentos, nem a lua foi capaz de me distrair. Só queria poder abraça-la forte sem me preocupar com o passar das horas. Me perdia loucamente em seus beijos,tão intensos que foram capazes de anular todo e qualquer barulho que não fosse os de nossos lábios se tocando. Eu só queria estar ali, tocando seus cabelos e acariciando seu rosto enquanto era entorpecido pelo sorriso que ali era desenhado. Mais uma vez o meu caminho me levara a um lugar onde o cenário era estampado pela mais bela paisagem.
Quanto mais tempo eu passava ao seu lado, mais eu me esquecia do que existia ao meu redor, nem o cansaço acumulado dos dias passados fora capaz de me tirar do lado dela, a aquela altura já não existia a minima intenção disso acontecer. Meu desejo era o de ficar ali ,conversando com ela até que não existisse nem uma simples vogal a ser falada.
Não, eu não queria ir embora, estava tudo tão perfeito, eu não queria deixa-la ali. não queria ter que olhar pra trás e ver ela se distanciando, esvaindo-se da minha visão. A noite atingia a sua máxima perfeição, evitei olhar para o céu e ver o brilho das estrelas diminuindo com a chegada do dia, já não existia mais lugar para a felicidade que eu estava sentindo. Tive a oportunidade de viver algo que há tempos vivia, de me sentir tão bem que a unica realidade que eu queria viver era aquela, vê la deitada ao meu lado, observando-a dormir enquanto admirava sua beleza ,e ao passar das horas, ela se tornava parte fixa dos meus pensamentos, do que eu via quando fechava os meus olhos.
Por alguns instantes, tive aquelas unhas vermelhas deslizando suavemente pelas minhas costas, tirando pra dançar todos os pelos do meu corpo, sensações impossíveis de serem descritas faziam daquele momento algo único e que eu não queria que chegasse ao fim.
Injustamente, os primeiros raios de sol já entravam pela janela, uma estranha sensação de vazio já começava a ocupar os pequenos espaços que a felicidade fez sobrar em mim, enquanto pude, resisti ao sono só para ficar ali, olhando para ela, até o momento em que cedi a exaustão causada pela intensa forma que decidi viver aquela noite, me entregando completamente ao que de melhor foi me oferecido pela vida.
Era chegada a hora de partir, deixar pra trás um dos melhores momentos que já vivi, ter aqueles olhos se encontrando com os meus pela ultima vez e com um beijo, selamos a despedida de algo que durante muitas vezes, pensava estar sendo um sonho. Não, eu não quis olhar pra trás, decidi que a minha ultima visão dela fosse a mais alegre possível, memórias que, instantes antes, foram eternizadas na minha mente.
Ela conseguira algo que a minha descrente mente, durante anos, havia deixado de aceitar e chegando ao meu destino, cercado por uma mistura de alegria e tristeza, notei que ela tinha se tornado uma parte inesquecível do caminho que eu havia percorrido até aquele momento e arriscadamente, la estava eu, ansioso pelo dia em que a vida, mais uma vez, ao lado dela, me convidaria a viver...