Vamos voltar, fazer tudo de novo. Mas... Paul Gambler
Vamos voltar, fazer tudo de novo.
Mas dessa vez vamos fazer diferente, vamos evitar os olhares, as palavras. Vamos ser indiferentes.
Vamos conversar o básico e guardar os nossos segredos para nós mesmos.
Evitaremos nos abrir, contar nossas histórias, não vamos contar quais são as nossas músicas preferidas, nossos sonhos e nossos medos.
Não vamos trocar mensagens e nem falar que sentimos falta um do outro, não vamos elogiar os nossos sorrisos e nem o quanto nos agrada cada instante que passarmos juntos.
Vamos fingir a felicidade, omitir uma saudade e mil desculpas para não nos vermos.
Mentiremos, mentiremos todo e qualquer sentimento que venha a nos confundir e façamos de todos os nossos receios pretextos para as nossas fraquezas.
Não falaremos de signos e nem de suas categóricas lampanas de compatibilidade.
Não vamos nos iludir com palavras capazes de mudar todo um estado emocional e nem nos abraçaremos o bastante para não sentirmos vontade de nos soltar.
Que nossos beijos não sejam capazes de consumar sonhos perdidos no fundo da nossa alma e que nossos toques sejam frios e fáceis de descrever.
Não questionaremos nenhum propósito da vida, nada.
Vamos desejar passar as noites de frio sozinhos.
Não vamos nos admirar, elogiar cada qualidade e nem expor o que vimos em nossos olhos.
Vamos não desejar nos vermos a cada instante, vamos arrumar alguma distração que seja capaz de desviar todo e qualquer pensamento.
Sejamos previsíveis, comuns e depositaremos todas as nossas esperanças em um destino inventado.
Não vamos olhar para o céu, não vamos reparar nas estrelas e nem se encantar com a lua.
Quando acordarmos, não pensaremos eu em você e nem você em mim. Não vamos atrás um do outro e na verdade, não vamos nos dar bola.
Sejamos frios, insensíveis e que nada seja tão intenso.
Por fim, não vamos nos conhecer, vamos não desejar passar por nada disso e manteremos nossos sentimentos dentro de um velho baú, ao lado de nossos medos.
Sejamos tão falsos quanto tudo que aqui foi escrito, tão inexato quanto o plural dessas linhas e aceitaremos uma realidade que na verdade nunca vivemos...