Renúncias A grande notícia de hoje que... Gisele Lemos Kravchychyn

Renúncias

A grande notícia de hoje que me induziu à algumas considerações: o Papa renunciou. Avisou que vai sair no dia 28 de fevereiro, menos de 30 dias de aviso prévio. Nem deu muita explicação ainda sobre o porquê, parece que tem a ver com a idade. Vai ver, quer viver um pouco antes de ir lá para cima e as responsabilidades e compromissos do papado lhe tiram esse direito.

Mas daí me coloquei a pensar: ora, se o Papa, que é o Papa, pode renunciar, porque às vezes aceitamos certas amarras que só se tornam eternas porque assim as permitimos?

Podemos ter perspectivas diferentes sobre nossas responsabilidades e desejos. Não sou a favor de sairmos por aí desfazendo todos os laços e sendo irresponsáveis. Escolhas devem sempre ser pensadas e as consequências devem ser pesadas.

Mas não precisamos ficar reféns de nossas próprias vidas, de nossas carreiras, de nossas responsabilidades e relacionamentos. Escolhas podem ser refeitas. Somos tão livres quando desejamos realmente ser.

A diferença da vida que levamos para a vida que queremos está no verdadeiramente querer, em colocar em movimento nós mesmos e o mundo para que mudanças aconteçam.

É a força de nossas escolhas, de nossas coragens, que nos coloca no caminho que quem sabe nos garantirá um futuro diferente do hoje, à liberdade, à vida plena.

Somente os fortes de nós, os corajosos, é que ousam e alcançam novos sucessos.

Ficarmos vinculados, indefinidamente, aquilo que já não nos faz bem, não nos faz pessoas melhores ou mais responsáveis. Só nos torna infelizes.

E a preocupação com o que os outros vão pensar é uma besteira. A sociedade, quando pensada em grupo, parece oprimir seus membros a agirem sempre de acordo com certos padrões. Mas no fundo, somos todos nós, um cuidando da vida do outro ao invés de olharmos para nós mesmos e procurarmos nossa própria felicidade.

Deixem o Papa se aposentar. Já virá outro, quem sabe melhor, quem sabe pior. Porque tem sempre alguém para ocupar o lugar vago. Podemos até ser necessários mas nenhum de nós é insubstituível.