Talvez nunca saibamos reconhecer no... Joan Ives

Talvez nunca saibamos reconhecer no calor do bronze o gesto que as fez crescer entre oliveiras e puros vinhedos na sombra do vale onde elas ainda dizem o pulsar... Frase de Joan Ives.

Talvez nunca saibamos reconhecer no calor do bronze
o gesto que as fez crescer entre oliveiras e puros vinhedos
na sombra do vale onde elas ainda dizem o pulsar da água
e a necessidade do movimento a luz amedrontada de um entardecer

admiro aqui pequeninas coisas em companhia dessas mulheres
coisas sensíveis como as migalhas de pão na mesa azul
como os rostos amados da serenidade do cair do dia
os que na certa vêm sem que os vejamos chegar

fiz-me árvore e sinceridade do alento para os tocar de leve
vi-me estendido próximo da carícia da mão
para me lembrar acabada a obra da rocha que as havia de guardar
e que seria de certo a única imagem enganadora da pele delas

olharei a ternura do horizonte com a queimadura dos seus olhos





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