Dentro da mala Estou rasgando as cartas,... Danielli Sabrina
Dentro da mala
Estou rasgando as cartas, falhei, o que levei foi rejeição. Isso que dá brincar com o incerto quando o amor não está nem perto. Andei na contra mão, nadei contra a correnteza, tomei café gelado e até apelei para a Santa Tereza. Decretei a solidão. Meu bem, aprendi que é mais fácil viver solteiro, gastar todo o meu dinheiro em bebidas, felinos e cachecóis, pegar um avião e embarcar sem direção.
Não chore de mentira, não grite meu nome quando eu for embora. Pelo menos se eu fosse diferente, curasse uma doença ou descobrisse a paz, você poderia pedir para eu ficar, mas, sou apenas mais uma dessas meras mortais. O que me tornou diferente foi o meu astral, que te chamou pra um luau e você correu pra chegar atrasado, sabendo que se fosse pontual eu não iria gostar.
Mas foi minha fuga, encontrei Whisky gelo e solidão. Um quarto escuro em outro país, em outra estação, em outro corpo sentindo outra emoção. O calor do seu amor, que nunca aconteceu, foi criado apenas para saciar meu narcisismo, minha carência que eu supria com a necessidade de sonhar para poder ver seu olhar.
O relógio parou, minha respiração ficou ofegante, meus olhos ficaram sem cor, e por um exato segundo eu senti sua presença sussurrando para que eu não perdesse as esperanças, um novo amanhecer à de vir, um novo vinho à abrir e um novo sorriso à de me sucumbir. Encontrei o nosso fim.