Estes são versos, de uma ex-poetisa,... Carol Calefi

Estes são versos, de uma ex-poetisa, talvez ex, ou não existe ex no mundo dos versos intermináveis.
Um dia sonhei construir sonhos e realizar desejos através de versos,
Palavras, sempre tão minhas, tão minhas...
E através delas marquei momentos, marquei momentos de muitos, tão meus, tão seus, mas acredito que nunca nossos.

A cada dia ficamos mais distantes do que se foi,
Porque o agora já é um passo a frente de horas atrás, veja o relógio que já passou da meia-noite,
Noites que às vezes são tão... Longas. Já sentiu a pressão do relógio sobre seus ombros?
Mas todos os dias ficamos, é um sinal! Pois alguns dias terminam antes de acabar para alguns, horas atrás, minutos, e a pressão do relógio da vida chega novamente, é o tempo. Alias, o relógio e o ponto de interrogação são irmãos, e dessa certeza não abro mão.

Não gosto de muitas coisas, pessoas, comidas, aromas, músicas e por ai vai,
Mas o que realmente importa é seguir o que te faz bem, que seja por um instante, pois o que importa é a conexão direta com a sua alma, Seus princípios, e ai aqueles momentos talvez insignificantes para os outros para você são momentos especiais, aqueles que podemos ver em retrospectiva antes de partir. Digo isso não por causa própria, afinal, não sigo em memórias póstumas, alias, por falar em memorias póstumas, gosto de lembrar que versos são eternos...

Ainda bem que não falei do amor, hoje não estou a fim de pensar sobre,
Isso porque continuo com a convicção de que o melhor dele é o sentir e não o falar, e esta é a única convicção já que quando estou sonhando, de olhos fechados ou abertos, tanto faz, ele é tão bom, eu escolho roupas, cores, sensações, palavras, cheiro, e posso viajar.
Posso estar aqui, mas estra lá posso tomar café em Paris e sorrir em Bagdá, e ainda cruzar a Avenida Paulista. “Olhem a sua esquerda, conseguem ver o senhor e sua plantação na Toscana”? Eu já estou sentindo o ar da cidade que nunca dorme novamente bater em meu rosto, ah se eu pudesse...

Gostei de liberar pensamentos, ainda prefiro os papeis,
Pensei em escrever através de um meio que não precisasse colocar tanto sentimento e quem esta ao meu redor nem sequer imagina o que estou a escrever, pode ser um contrato, pode ser um e-mail, podem ser tantas coisas,
Seja o que for antes paravam para ver pessoas a digitar, olhares curiosos, e hoje acham estranhos os papéis, que chama a atenção dos curiosos, aqueles bilhetinhos escritos e amassados pela falta de coragem de entregar.

Poetas, tempo, papéis, sonhos, lugares, são tantas coisas que talvez uma ex, possível ex-poetisa goste tanto de pensar, e o que a torna uma suspeita ex é que ela cansou de escrever, pois os papeis começaram a ficar tão distantes da realidade.