"Do morro mais alto Do morro mais... Brenda Zanchet
"Do morro mais alto
Do morro mais alto, vejo as nuvens brancas contornadas por um azul acinzentado.
No fim da tarde, os últimos raios de sol encobrem as nuvens com um rosinha avermelhado.
É no morro mais alto que percebo o aquietar do coração e o voo deslumbrante dos pássaros na sua perfeita maestria.
Sinto Deus. Sinto que ele existe. Mesmo quando há só um fio de esperança.
Olhando ao longe, da árvore mais alta posso ver a sua copa. As folhas parecem encostar no céu, com recortes estereotipados, dignos de um designer sobrenatural.
O vento leve na superfície da Terra delineia as nuvens mais abstratas no seu infinito. As observo e tenho um forte sentimento. Sinto-me viva. Sinto-me bem.
Dos coqueiros que alcançam o meu olhar, penso em como Deus é perfeito na sua arte de criar. Às vezes reclamo, mas também sou sua obra de arte... É, então, que sinto-me alguém.
Porém, quando, por infortúnio do acaso, ouço a buzina de um carro ecoando ao longe. Sinto que ecoa solidão. Ecoa invasão. Ecoa ingratidão.
E tudo o que eu sinto é que, só sei por qual motivo vim quando olho no abstrato infinito desenhado no céu. No entanto, sinto náuseas ao ver que, no formigueiro da espécie humana, tão pouco encontro um olhar simbionte ao meu."