Todos os dias são iguais Cabeça não... Maria de Deus, 2011
Todos os dias são iguais
Cabeça não ouve, coração sente
Mas sente em demasia, até estalar
de cansaço que é a vida.
Só pensar que tenho de pensar,
já sinto pássaros fugir e
esbarrar no obstáculo que
surge sem esperar, sem avisar.
Ai! Se tudo fosse mentira,
uma pura e profunda ilusão,
o obstáculo desapareceria
como quem grita, Ladrão!
Morar aqui é não saber morar,
pois só cá mora quem morra,
nunca só, nunca sem mar
a quem olhar e se afundar
na imensidão da sua espuma
branca como a ilusão da minha alma.