One day and two people. Uma pessoa pode... Janaina Fischer

One day and two people.

Uma pessoa pode faze-la sorrir de verdade, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode lhe dar atenção verdadeira, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode deseja-la todas as noites, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode escrever textos em segredo para ela, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa vai abraça-la não apenas por uma noite, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa vai dividir uma panela de brigadeiro com ela, vai dizer que seu cabelo bagunçado é mais bonito, que o final do filme era bom e ela perdeu. Uma pessoa vai dizer que sua camisa caiu bem para ela dormir, e vai dizer que seu perfume o deixa louco. Uma pessoa vai reparar nas suas meias. Uma pessoa vai dar a opção de se jogarem juntos do apartamento e acabar rindo junto com ela. Uma pessoa vai olha-la nos olhos por alguns minutos, deixa-la rindo e ficar sério. Vai tentar besteiras mesmo que ela insista que não, e dar sorrisos maliciosos. Uma pessoa vai aturar seus momentos chatos e ainda assim lhe dar beijos na testa. Uma pessoa vai ter um abraço mais confortante que ela já ganhou. Vai ser cheiroso como ela nunca sentiu. Uma pessoa vai chama-la de fresca, e faze-la sentir vontade de mata-lo. Vai deitar em um sofá confortável com ela e abraça-la forte. Vai pedir pra ser mordido e depois reclamar que doeu muito, e também vai mode-la e deixar marca. Vai se preocupar por ela não dar notícias a sua mãe. Vai fazer pipoca de madrugada e queimar, mas mesmo assim comer tudo. Vai vê-la dormindo e virar para o outro lado, e depois vai desvirar e abraça-la. Vai acordar perguntando se já chegou a hora de ela ir trabalhar. Uma pessoa vai acordar junto com ela depois bem cedo, enche-la de carinho e faze-la não ter vontade de sair da cama. Uma pessoa vai leva-la para trabalhar e quando ela dizer que sentirá saudade, vai dizer: já estou sentindo. Uma pessoa pode até fazer isso, mas ela nunca saberá se será só por um momento, ou constantemente. Tudo que ela faz, é aproveitar cada minuto, sabendo que pode ser o último, sabendo que no outro dia tudo pode voltar a ser como era antes de tudo isso ocorrer, o frio, o escuro, o vazio. A doce dor de estar só.