Reunião dos Sábios Poetas Já me... Alexandre Morais

Reunião dos Sábios Poetas

Já me toquei e fui safado como Bukowski
e me peguei amando o tanto quanto posso igual Vinícius,
porém já me vi cético e racional como João Cabral.

Um dia me senti tímido igual Drummond
tanto que precisei e decidi ler Baudelaire
e essa necessidade me induziu a ser precoce como Rimbaud.
Já quis ir embora como Bandeira foi
e revolucionário como Mário de Andrade pelo novo,
pela arte, pelo povo.

Já quis beber como Oswald de Andrade
e ser rebelde a vontade.

Quis escrever versos em Quintanas
e lutar como Leminski, para poder dar um golpe certeiro em cada poesia.
Pensei em suicídio e morrer por amores como Álvares de Azevedo em seus poemas.
Hesitei e decidi ir à igreja conversar um pouco com Deus no corpo feminino de Adélia
[Prado,
pedir força para conseguir escrever sonetos parnasianos parecidos com os de Olavo
[Bilac, com métricas, rimas ricas no encaixe.

Brinquei e joguei palavras no papel,
esparramei-as e esforcei para formar algo concreto, alá Ferreira Gullar
mas minha incapacidade de me entender me faz ficar desentendido em dizer o que eu sei
[escrever

Meu canibalismo antropofágico nacional,
o elo com o belo
o natural
me enraizou os pés na terra moderna e fofa,
e a chuva me afundou junto com Manoel de Barros à toa.

Embriaguei-me com vinho do porto, no Porto de Portugal.
Com isso, avistei Fernando Pessoa adentrar além-mar salgado, ou talvez um de seus
[pseudônimos.
Não me lembro de nada direito, sentia-me puro e instigado.

Já pus em cheque a vida que passei e me inspirei.
Todos me adentram o núcleo do âmago
o interior do interior de mim mesmo.