Estação Não há constelação no céu... Lia Barone
Estação
Não há constelação no céu da tua boca
Não há nem dentes em tua boca!
E mesmo assim,
Perduras um riso frouxo de esperança...
E nos teus olhos, tanta indagação!
Com a tua roupa imunda
Cobres vagamento tua solidão
Seguras o pão com tanta força
Como se fosse escapar da mão
De repente,
O desvario transforma tua face
Loucura? Raiva? Não sei
Arrasta tua perna arruinada
Até o canto da estação
Devora teu pão
Digere tua alma
Recordas tua face de ontem
Engasga de decepção
Não há dentes
Não há casa
Não há dinheiro
Acabou o pão
Há apenas a vida que passa
A gritar-te
Não! Não! Não!