Semana da volta Um sino toca, badala de... Alexandre Morais
Semana da volta
Um sino toca, badala
de lá pra cá
De lá flores brancas, caixão
semana santa pisoteada
por procissão.
Um silêncio nas ruas
vozes ao coro
vozes antigas.
Me remeto ao passado,
de quando acreditava
existia tempo
sonhava o futuro
Havia muito chão
terra na mão.
Há tanta paz lá no fundo
em vem a voz de Deus,
dos apóstolos, dos crentes.
Eu só via a pipoca estourar
no carrinho da pracinha
se confundia com o cheiro
de vela.
Com sandálias abertas
como a de Cristo,
eu não entendia nada,
só os amigos que corriam
quando ainda eram vivos.
Sentes?
é o cheiro da chuva,
da pura chuva.
Trouxe o perfume
da minha mãe já falecida,
o céu escureceu
as vozes continuam
arrastadas com tanto peso
e esperança.
O coral é impecável
a casa de Deus tão cheia
povoada por almas pecadoras
um ambiente nostálgico
e fúnebre.
Já me vi um filho
já me vi um intelectual
um bobo
e um alcoólatra
já até me vi poeta.
Hoje me vejo um morto.
E eu nunca vou esquecer
da igreja da minha cidade
do interior de minas.