Sendo otimista. Sendo otimista Guarujá... Marinho Guzman
Sendo otimista.
Sendo otimista Guarujá terá visto nesta, a pior temporada de todos os tempos.
Esse triste recorde será batido nos próximos anos com grande facilidade. O aumento de criminalidade, da presença na mídia como cidade perigosa, violenta e desrespeitosa para com seus moradores, veranistas, turistas e incautos, que por aqui aportam, já destruíram a sua fama de Pérola do Atlântico e até os defensores mais aguerridos mostram-se descrentes, abatidos e sucumbem, um a um.
Há vinte anos resolvi montar um negócio no Guarujá. Num verão, cheguei a ter dezoito pontos de venda, dentre eles, três ou quatro lojas no Shopping La Plage, umas oito no Guarujá Center Shopping e três espalhadas por aí.
Todos olhavam abismados minha coragem que alguns chamavam de loucura, mas Guarujá ainda era a melhor aposta no litoral de São Paulo.
O tempo provou que foi uma loucura e que os populares adágios, de que Guarujá seria uma curva de rio e que para sair daqui com uma pequena fortuna alguém deveria ter chegado com uma grande, eram absolutamente certos.
As coisas correram bem até meados de 2001 e bafejado pelo trabalho, pelo grande investimento e pela sorte, estive presente no crescimento do comércio moderno de produtos naturais, lingerie, de óculos e de telefones celulares.
Os que viveram essa época, podem se lembrar de grandes filas nas portas das minhas lojas.
Em 1999 foi convidado a assumir a presidência da Associação Comercial do Guarujá que tinha uns três mil reais de débitos de aluguel e menos de cinquenta associados, a maioria inadimplente.
Nesse mesmo e único ano fiz uma grande festa de posse no Hotel Casa Grande, certamente a maior que a cidade viu naqueles tempos, toda ela filmada e apresentada integralmente no programa do meu amigo Amaury Jr. que a cerimoniou.
Para ser curto e não ser grosso com meia dúzia dos comerciantes associados que me ajudaram, mudei a sede, mobiliei e aparelhei a entidade do meu próprio bolso e numa polemica campanha onde eu perguntava:- Você é um comerciante ou um rato, consegui nesse único ano da minha gestão quase quinhentos associados pagantes.
Na época o prefeito era o senhor Maurici Mariano, que Deus o tenha, bem longe de mim, que me fez ver, que cargos públicos e em entidades, dependentes da boa vontade do setor publico, sejam de que natureza forem, é para quem tenha “muito estomago”, vontade de fazer “acertos”, na maioria das vezes inconfessáveis e que Guarujá seguiria, nos anos seguintes para o declínio qualitativo dos seus frequentadores que o traria aqui, onde nos encontramos agora, com a pior temporada de todos os tempos, sob qualquer ângulo que se queira observar.
Muitos comerciantes tradicionais de alguma expressão fecharam suas portas, como por exemplo a Guarujá Veículos, alguns como a Guaru, do falecido amigo Carlos Simonian, continuam a lutar bravamente.
O que se vê, definitivamente é que os ladrões do dinheiro público não aproveitaram muito suas espertezas e por um ou outro motivo foram e estão infelizes, desmoralizados e com pouca chance de verem a cidade que destruíram se erguer a uma ínfima parte do que já foi.
Anos atrás Guarujá tinha alguns jornalecos que publicavam os desmandos dos prefeitos, hoje exaltam pequenas obras, ignoram os grandes problemas e subsistem milagrosamente, sem vender um jornal, sem vender anúncios, vendendo o que não têm, dignidade.
Guarujá dificilmente seguirá a lenda da Phoenix. Não se erguerá das cinzas. Mas esperamos sinceramente, que seus detratores sejam queimados nesse processo de purificação.