A diferença entre viver e sobreviver... Don Diego

A diferença entre viver e sobreviver é, infelizmente, sutil.

Após ter assistido este reflexivo vídeo, me lembrei de uma provocativa constatação que Dalai Lama fez ao ser questionado sobre o que mais o surpreendia na humanidade:

“O que mais me surpreende na humanidade são os ‘homens’. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois, perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que não vivem nem o presente, nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… E morrem como se nunca tivessem vivido.”

É difícil tentar fugir destes “modelos de sucessos” que nossa sociedade tem cultivado. Pois no final, se você não está fazendo o que ama e está usando a sua vida como um ‘ensaio’, é melhor você repensar seus próximos passos, não acha?

Algo muito interessante que o vídeo coloca como uma das principais características comportamentais desta atual geração é a ideia de se tirar proveito da vida durante o ‘caminho’ e não se apoiar em um pretenso sucesso final. É permanecer ambicioso, mas de forma mais ponderada e “racional”. É saber que a vida é agora e não daqui a alguns distantes anos. É conseguir “praticar” o comportamento que lhe permite mudar de direção com rapidez e desapego. Vivendo melhor o presente sem a ilusão de que tem total controle sobre o futuro.

Praticar a conflitante teoria de uma vida plena parece ser bem utópico. Porque, afinal, é ir contra inúmeras e diferentes pressões. É apostar que ser uma solteirona convicta e não atender à machista pressão de que para ser feliz é necessário estar com alguém ou ter filhos, no fim das contas, acaba por exigir um pouco mais de esforço. É conseguir viver sem se importar com os antiquados julgamentos que vão rejeitar uma nova rota que foge o rebanho. É não ligar para estes “ácidos olhares” – que podem estar apenas invejando a forma como você esta encarando tudo – e apenas praticar o que lhe faz feliz, deixando de lado o medo da imagem que os outros estão construindo sobre você.

Tendo em vista que você já leu até aqui, eu gostaria de lhe propor o seguinte “exercício”: tente estabelecer, mesmo que mentalmente, uma vida em que, ao invés de ter apenas 5 dias úteis, você consiga ter 7. Que você não se console com o “fim do expediente” ou com o “fim de semana“. Que você não se acostume a descarregar todas as frustrações coletadas durante a semana em válvulas de escape que a maioria acaba aderindo para amenizar e calar o pedido interno de mudança.

Você acha que conseguiria se adaptar a este novo formato de vida ou será que já se acostumou com a sua rotina de sobrevivência a ponto de ignorar o fato de que, talvez, você não esteja fazendo o que realmente ama?

Precisamos ter coragem de cultivar um comportamento onde o foco reside na experiência e não na possível – e distante – obtenção de “memórias ilustradas” que pretendemos colher no decorrer de um futuro e imprevisível caminho. É ser realista e aceitar que bom mesmo é viver “o agora” e não correr atrás de um delicado sonho sustentado em um pedestal de inseguranças e sacrifícios que vão lhe consumir parte da vida sem ter a certeza de chegar lá."