CUMPLICIDADE Como todas as noites,... Simone Caixeta

CUMPLICIDADE

Como todas as noites, assistindo ao telejornal quando me deparei com uma reportagem onde a esposa foi indiciada como cúmplice de estelionato praticada pelo marido, podendo pegar pena de 1 a 5 anos de reclusão e multa. Fiquei pensando: cúmplice? O que implica a cumplicidade? Fiquei intrigada com essa palavra: cúmplice. Mais uma vez busquei seu significado: pessoa que colabora com outra.
Cumplicidade pode ter duas acepções: de conivência ou de amizade. Quando é utilizado o sentido de conivência, se refere à qualidade de ser cúmplice de algum ato ilegal, e quem desempenha o papel de cúmplice, tem conhecimento ou participação no delito ou infração que foi ou continua a ser cometida. E ai sim, juridicamente, pode ser julgado pelo seu envolvimento e parceria na execução do ato.
O termo cumplicidade é também é utilizado como uma atitude positiva e desejável em uma relação seja entre casais, amigos, familiares, etc. A cumplicidade numa relação também envolve parceria, confiança e apoio nas mais diversas decisões a serem tomadas. A cumplicidade, nesse caso, é sinônimo de harmonia, companheirismo e entendimento.
Mas conivência não precisa ser necessariamente em um ato ilegal. Pode acontecer também em uma relação. Se estivermos sendo conivente com uma relação que causa prejuízos, que traz algum dano ás pessoas envolvidas estamos sendo cúmplices. São as mais variadas situações que nos fazemos negativamente cúmplices.
Por exemplo, quantas mulheres que são vítimas de violência doméstica, desde a agressão física, abuso sexual, violação e ameaças, até ao criticismo destrutivo, tácticas de pressão, falta de respeito, quebra de confiança, isolamento, perseguição e permanecem em silêncio? A sujeição nada mais é do que cumplicidade, e negativa. E mães que se fazem de “cega”, diante da violência do pai com os filhos? A mais absurda das cumplicidades. Essa sim me causa uma extrema indignação, simplesmente inadmissível.
A cumplicidade afinal é colaborar, direta ou indiretamente, para a execução de um fato. E se há nossa colaboração, nada mais justo que recebamos os méritos. Digo méritos, seja pela cumplicidade negativa, que arcamos com as penas, seja positiva, que recebamos ás dádivas!