DIZ UMA LENDA… Diz a lenda que havia... Dona Geo
DIZ UMA LENDA…
Diz a lenda que havia uma princesa, ou melhor uma jovem, que havia sido enfeitiçada por uma bruxa muito malvada, ou era uma amiga invejosa, bom, não vou me apegar aos detalhes, mas enfim, ela teve seu coração arrancado, aprisionado num baú que foi guardado na masmorra mais alta, do castelo mais alto, da montanha mais alta, ou seja, era alto pra caraleo véi… Então a bruxa deu a chave de volta a moça, e disse que seu coração só poderia ser salvo pelo seu amor verdadeiro, e quando ela tivesse certeza de ter encontra-o entregaria a chave a ele com a missão de resgatar seu coração.
Assim foi por muito tempo a jovem procurando seu verdadeiro amor, mas sem coração os critérios ficaram bem rigorosos para se encantar por alguém. Flores, jantares, elogios, músicas do Bon Jovi, um corpo sarado, nem um príncipe encantado, que ficou doce e andava de cavalo amarelo, foi capaz de ganhar a confiança da jovem e receber a chave. Até que um belo dia, porque esses dias sempre são belos, apareceu um rapaz diferente, educado, que sabia conversas, gentil, que lhe ofereceu atenção, e todo seu tempo a escutar sobre a pobre vida da jovem até então. Encantado pela história e pelo belo par de… olhos azuis da moça, que muitas vezes pareciam estar abaixo do pescoço dela, o jovem se empenhou em ganhar a confiança e assim conquistar a chave para tentar resgatar o coração e ser seu verdadeiro amor.
Passado mais alguns dias de convivência a jovem estava já a se decidir em entregar a chave a esse rapaz tão misterioso, e tão diferente de todos que ela já havia conhecido. Ao tomar a decisão mais difícil de sua vida, a jovem resolve entregar a chave ao rapaz, que muito feliz e surpreso disse que voltaria muito em breve com seu coração para viverem o tão sonhado amor e felizes para sempre.
Durante o caminho o jovem foi surpreendido pelo guardião da torre, um ser meio vaca, meio perereca. Ao tentar confrontar o animal ele foi hipnotizado pelo som que saia de seu celular, parecia ser uma música mas não era, era funk. Então esse monstro metade vaca, metade perereca, dançava loucamente até o chão, chão, chão, chão. Hipnotizado e duro, o jovem foi uma presa fácil para o animal que comeu seu cérebro e chupou sua cabeça, várias e várias vezes como se fosse uma profissional.
Assim, a chave se perdeu. A pobre jovem perdeu sua esperança de ter seu coração de volta, perdeu a confiança em acreditar de novo em alguém, e não suporta nem ouvir falar do animal metade vaca, metade perereca. Depois de tanto sofrer, e de tanta decepção ela sumiu pra longe, para um lugar onde não precisasse mais de um coração para viver…
Dizem que ela hoje vive na internet, e algumas vezes é possível reconhecê-la postando frases de Caio Fernando de Abreu em redes sociais com a esperança de que alguém vá encontrar sua chave e conseguir enfrentar o monstro metade vaca, metade perereca . Pobre jovem.