Café e abraços Raramente tomo café da... Josane Hodniki
Café e abraços
Raramente tomo café da manhã. Mais raro ainda é tomar café da manhã na padaria.
Hoje me deu vontade. Acordei e resolvi que ia tomar um cappuccino e comer um pão de queijo recheado. Gorda.
Lembrei de um lugar delicia, pertinho da agência e segui pra lá.
Sentei, fiz meu pedido, peguei um jornal e escutei alguém dizer “Jô?”. Era bem cedo. Muito cedo. Quem diabos acorda tão cedo assim?
Meio sem jeito, olhei pro lado e vi um homem, bem bonito, elegante. E eu? Bom, eu não fazia a menor ideia de quem ele era. Mas, por educação, fiz a mesma cara de surpresa dele. E respondi “oooi”. Então ele me abraçou. Cheiroso, todo social. E ficamos abraçados por um tempo. Um tempo mais que o normal, já que nem imaginava quem ele era.
Ele me olhou e disse “você não tá se lembrando de mim, não é?”. Quando ele disse isso, olhando nos meus olhos, eu vi nos olhos dele aquele menino por quem um dia eu fui apaixonada. Eu não acreditei. Minha primeira paixãozinha, ali. Pra minha surpresa, ele se convidou pra tomar café comigo.
É claro que cheguei atrasada na agência. A conversa foi daquelas boas, sinceras. Conversas que a vida nos presenteia às vezes e pode ser maravilhoso. E foi.
Falamos sobre o tempo, como passa e o que fica realmente. Sobre como fazer a melhor batida de coco do mundo. Sobre o filho que já tem 10 anos, joga futebol e toca guitarra igual o pai. Sobre a “inércia” do facebook e a frieza digital. Sobre casamento, divórcio, preconceito. Sobre o amor verdadeiro.
No final, rimos muito, lembrando das onças que iríamos ter em nosso quintal.
Saímos juntos daquela padaria e nos despedimos na calçada com o mesmo abraço. Dessa vez até mais apertado. Daqueles abraços que dá pra ouvir o coração da outra pessoa. E ficou aquele sentimento bom de que a vida é mesmo incrível.