Num barraco de madeira sentem a dor do... Rômulo Romanha
Num barraco de madeira sentem a dor do abandono.
A dor da surra.
A dor do álcool, que transforma em monstro seu progenitor.
Carregam em suas cicatrizes as ofensas e furto de sua dignidade, o medo.
As lágrimas escorrem sem testemunhas, almas inocente se perdem diante do mal.
Todas as ilusões e os pesadelos são reais.
Uma angustia, a dor da fome alimenta sua queda.
Tendo certeza da desgraça caminham com mais firmeza em direção a morte.
Caídos nas ruas os anjos se calam.
Seu choro não é escutado pelos ouvidos omissos.
Essas vítimas do capital sofrem sem poder de luta.
Sem força para uma resistência.
Calados tentam alimentar seus vícios gentilmente incentivados pelos adultos.
Buscam alimentar suas ilusões, perseguem o sorriso num saco com cola.
Buscam diminuir ali o frio das ruas, do vento que corta seus rostos pequenos nas madrugadas, da fome que os devora.
Tentam fugir do medo, medo do mundo que eles não pediram pra vir, e do qual sempre tentam deixar.
No momento em que os anjos caem, lagrimas escorrem dos céus.
O opressor se alimenta, das suas dores, de seus sonhos perdidos, de suas cicatrizes.
No momento em que os anjos caem, eles nos mostram o quanto ainda somos perversos.
Pois carregam em seu corpo as marcas da vingança, pois muitas vezes são oprimidos pelos oprimidos, como seus progenitores e, nas ruas o opressor mostra sua verdadeira face.
São inocentes, sem consciência de bem ou mal, mas já sabem que a face do bem nunca se mostrará a eles.
Somente a feição perversa e maligna do mundo seus olhinhos pequenos conseguem enxergar.
E assustados, apavorados diante do poderoso inimigo, diante de grandioso sofrimento, eles agem como anjos caídos, devolvem de forma muito fraca, uma resposta a tudo isso.
No momento em que os anjos caem, toda a humanidade desce com eles.