Noite de inverno. Andar pelas ruas nunca... Felipe Salles
Noite de inverno.
Andar pelas ruas nunca foi tão nostálgico, andar pelos mesmos lugares onde passamos juntos e felizes, o que veio na mente foi que passando por aqui traria a alegria de, de repente te ver e nos seus olhos sentir o arrependimento de não ter feito diferente, mas a gente gosta de se iludir. Tento não me esquecer mas sempre a decepção relembra que as pessoas não mudam muito, e quando mudam rápido é sempre pra pior. Mas o tempo sempre amadurece as pessoas, no seu caso, ele te apodreceu lentamente e eficaz.
Me ver aqui, andando sem uma direção certa, andando torto por linhas retas, olhando pro céu, soltando ar pra ver o vapor que essa noite de inverno produz, ainda acho que estou pegando fogo por dentro, estou quente por nós dois, sinto-me entrar num grau tão alto a ponto de ebulição, sinto-me evaporar lentamente porque nem as lágrimas caem mais. No meio disso tudo eu só tenho uma dúvida em saber se você agora seria o que realmente eu preciso, faz tanto tempo desde quando nos vimos pela última vez, né? Seu olhar já não era igual quando nos conhecemos, sua forma de me tratar foi tão diferente mas pensando bem, eu também agi diferente, eu não quis me permitir pra algo que não soubesse ser metade do que eu vivo sendo.
Preciso correr em outra direção agora, quando o inverno chega a gente precisa aquecer o coração e hibernar a preocupação, agora é preciso regredir evoluindo, é preciso subir descendo, agora nada mais faz sentido porque a intenção que me restou é apenas de viver. Agradeço por ter se mandado, por ter me proporcionado tanta liberdade, tanta felicidade. Agora te querer não é mais uma necessidade, é um costume fútil e feio que tenho desde criança. Querer colecionar brinquedos sem braço, sem roda e no seu caso, sem coração.