O MURO Movendo os pés... Pedro Kilkerry
O MURO
Movendo os pés dourados,lentamente,
Horas brancas lá vão,de amor e rosas
As impalpáveis formas,no ar,cheirosas...
Sombras,sombras que são da alma doente!
E eu,magro,espio...e um muro,magro,em frente
Abrindo a tarde as órbitas musgosas
--Vazias?Menos do que misteriosas--
Pestaneja,estremece...O muro sente!
E que cheiro que sai dos nervos dele,
Embora o caio roído,cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!
Mas um prazer ao sofrimento casa...
Pois o ramo em que o vento a dor lhe impele
É onde a volúpia está de uma asa e outra asa...