Quando gostar de alguém se torna um... Anderson Cruz
Quando gostar de alguém se torna um acidente triste de percurso é assim.
Quando as voltas que se dá nos leva a lugar algum. Meio perdido, meio solto. Vazio. Quando a alegria de pensar em alguém cessa, quando surge o baque, a queda. Veio a rasteira. A rasteira que bobos damos em nós mesmos quando admitimos estar com o coração aberto para amar de novo. Ah, amar... Saberia eu o que significa isso ou não saberiam os outros? O foco nesse lamento é outro. O foco é naquele exato momento em que você repara no seu reflexo e percebe que ele é burro. Que você é burro. Tonto. O reflexo ridículo de você mesmo refletido no espelho é a verdade sobre você. A triste realidade. Carregando tantos anos nas costas, e tonto. Tão orgulhoso por ser ciente de si mesmo, e tonto. Tão maduro, tão sadio, tão pé-no-chão, e tonto. Burro, dessa vez, não por ter tentado quando prometeu não mais insistir, mas porque tentou usando as mesmas ilusões, repetindo tudo que fizera incontavéis vezes antes sem se dar conta, pelo menos não a tempo de evitar ser atropelado pelo próprio tormento sóbrio e confuso de estar só, de que não é mais do mesmo que se resolve o coração. Mais do mesmo agora: decepção. Acidente de novo. Chama o reboque, prepara o primeiros-socorros e vem, abraça essa quarentena para se curar novamente. E vai. Mal de quem acredita demais: cicatriz.