A garota desastrada derrubou seus... Júlio Raizer
A garota desastrada derrubou seus perfumes! Dessa vez não foram os fracos que fizeram vingança, mas ela soube que os frascos se vingam e se jogam com seu cheiro de doce comunhão.
Num pequeno gesto o rosto se envolveu! O rosto apenas não, o corpo todo, uma vez que gostos pela metade serão sempre uma parte do que queremos! Esperar pelo que nos conta tarde é retornar cedo à forma que tivemos... E a garota desastrada observa! Ela poderia viver a intensidade de um momento na escolha de uma sensação. Ela não precisava provar nada, ela não queria dizer nada! Sentir já era o bastante. A primeira vez nem sempre é a última chance, e cada anoitecer era uma porta para um universo de possibilidades! O mundo que se acostume com ela! Ela não se incomodava, não se incomoda. Não ouse pensar que algo a fará desistir do que quer.
Sabe o que eu acho? Eu acho o segredo de uma oportunidade a entrega mais autêntica de um momento! Por favor, me prenda, por favor me surpreenda, me super prenda e se entregue ao que cada instante quer dizer. O ideal seria o esquecimento, mas quem disse que seguimos na natureza objetiva a idealização das coisas? Não sabemos o que é perfeito! Mas a perfeição nem é nosso desejo também.
A garota desastrada lê cada linha, absorve cada frase! As palavras massageiam seu corpo com suaves toques de sinceridade que a encantam mais do que um céu estrelado. Ela conseguirá entender? Sim, ela já entendeu, e se não tivesse entendido, problema de quem escreveu, afinal o interessado sempre deve dar um jeito! Não precisa de caminhos, não precisa de atalhos, pois na simplicidade do mistério que nos rodeia palpita constantemente a essência das formas que buscamos.
A garota desastrada poderia ser desinteressada, poderia ver o mundo cair só pelo prazer do estrago, mas nos detalhes de cada vão acontecimento ela percebe que mesmo que falte o senso do bom senso, o calor de um gosto desejado arde mais do que a fogueira de São João.