Batata Frita Ontem, num restaurante,... Gisele Lemos Kravchychyn
Batata Frita
Ontem, num restaurante, pedi batata frita. De todas essas comidas politicamente incorretas, é a única que tenho ainda dificuldade de excluir de meu dia a dia.
Mas para meu desgosto, veio morna. Naquela temperatura que não está fria, mas já perdeu a graça.
Tenho um problema: não gosto de coisas mornas. Sempre preferi o quente. Sem dúvida prefiro queimar a língua à ter que conviver com aquilo que não me impressiona. Sopa bem quente, feijão bem quente, enfim, tudo quente. Salvo sushi e sorvete, claro, que não sou tão louca ainda.
Na minha opinião essa regra vale não apenas para a comida mas para várias situações na vida.
O amor, assim como a batata frita, tem que queimar. Tem aliás, que aquecer, invadir, submergir. Senão, é escolha sensata, vá lá, mas falta aquele algo mais. A gente até fica mas não se aquieta. Segue com aquela vontade de algo diferente. Sabe aquela vontade de algo que você não sabe o que é, mas que com certeza não é aquilo que você está tendo no momento? Então...
Acho que trabalho tem que ser um pouco assim também. Tem que te desafiar, tem que te inspirar para sair da cama todos os dias. Senão é só aquilo que se faz para passar o dia, mas que não te dá alegria. E acabamos virando escravos do contra-cheque, sem termos prazer naquilo que fazemos.
O mesmo acontece com os livros. Ele tem que nos prender na leitura, nos envolver na trama, senão, que chatice é para conseguir terminar. Livro que não nos assusta, emociona, choca, surpreende não tem graça. A vontade é abandonar. Nesse caso, me lembro de alguns livros chatos que tive que ler pela vida acadêmica. Eu até lia, mas terminava irritadíssima com quem me obrigou a ler, porque achava aquilo tudo uma perda do meu tempo.
Enfim, minha solução para o morno da vida é: “Troque sempre que puder. Chame o garçom e mande de volta!” É preferível ser chata e bem servida do que boazinha e entediada!