Ô Capoeira Minha valentia ninguém... Thais Duarte
Ô Capoeira
Minha valentia ninguém tira,
Da África me tiraram, ê saudade
Naquela terra eu era rei.
Rei de mim mesmo.
Ti ti dom dim...
Nos meus cantos peço a Deus,
para guiar meus passos.
Nos engenhos e cafezais, espero o pôr do Sol,
pelo mato, busco minha liberdade...
em meus pensamentos só está esse ritmo
Ti ti dom dim...
Meu pé está na senzala,
No meu jogo canto a esperança em dias melhores,
Êêêê capoeira, nesse ti ti dom dim
Bate meu coração.
Meu pensamento está naquela mulata,
que canta com voz doce os sofrimentos de um escravo cego.
Os morros e as estrelas indicam o caminho.
de boca em boca a liberdade é transmitida.
Minha voz é mais do que oração, é um grito de existência!
na força dos meus braços carrego a dor da chicotada.
TI ti dom dim...
Ó meu Deus, ao quilombo irei
Ter com os moços livres, novamente reis!
minha malandragem veio da senzala,
Minha voz chegará ao Pai que está nos céus
e meu caminhar guirá.
Ti ti dom dim...
Desse sofrimento eu fugirei,
e só pararei quando encontrar uma roda de capoeira
minha arte não está na minha cor, e sim no meu coração
que esqueceram que bate, - a corrente vai cair,
E os capoeiras dançaram em memória daqueles dias.
e aquele berimbau, continuará em minhas mãos,
Fazendo ti ti dom dim.