Ao meu pai, Martin Jacob Ainda me lembro... Laura Jacob

Ao meu pai, Martin Jacob



Ainda me lembro como se fosse hoje...
Daquele olhar manso e profundamente azul, do seu cheiro de suor e uma fragrância peculiar.
Ainda posso escutar sua voz, grossa e rouca a me chamar aceleradamente com seu sotaque alemão.
Embora não tivesse um jeito culto de expressar, ele era uma pessoa popular e querida por todos.
A primeira vista sua estatura dava impressão de ser uma pessoa explosiva, mas, no entanto, com seus 115 quilos e medindo 1,80 cm, podia-se dizer que era uma pessoa quase ingênua.
Não era vaidoso, pois era muito simples, mantinha o mesmo padrão de se vestirem qualquer ocasião. Sempre com camisas surradas, calças largas, com cores neutras.
Os seus cabelos grisalhos lhe davam uma aparência de respeito, porém no seu íntimo era uma pessoa espontânea e gostava de contar anedotas.
Mas como todo ser humano, não era perfeito... Tinha o hábito de ser inconveniente e agressivo a hora que lhe convinha, por esse motivo ás vezes não era compreendido e isso lhe trazia divergências com os amigos.
Tinha vícios também, fumava muito e ás vezes gostava de uma pinga antes do almoço (dizia que era pra abrir o apetite).
Vinha de uma família numerosa e humilde, mas gostava de ver sempre a mesa farta e com muitos convidados.
Com muito esforço possuiu muitos bens, dentre eles uma pequena fazenda e uma empresa de táxis, aliás, eles eram a menina dos seus olhos, pois sempre teve paixão por automóveis e os guiava muito bem.
Para ser exata, ele tinha muitas qualidades e graças a ele, tive uma infância muito feliz.
Tenho muitas recordações boas deste homem maravilhoso que me concedeu o milagre da vida. Saudades foi o que restou de uma pessoa que abrilhantou os meus dias de criança.
É uma pena não poder mais ouvir sua voz e nem sentir seu olhar protetor sobre mim, não poder mais correr para seu colo, fazer manha nos seus braços e chorar no seu ombro.
Queria que ele fosse eterno, para eu poder aprender e ensinar algumas coisas.
Hoje falo dele para meus filhos, conto como foi maravilhoso conviver com ele, mesmo que tenha sido por pouco tempo; pois DEUS me tirou ele, tão novo e tão forte...
O mais terrível foi vê-lo doente, enfraquecido, alienado e sem vontade de viver.
Eu o vi sofrer por 8 anos, anos que passaram lentamente, quase uma eternidade, até que finalmente uma força poderosa achou que bastava de tanto sofrimento e o levou...Chorei aliviada ao vê-lo descansando em paz!
Hoje tenho orgulho, de ter tido um PAI tão maravilhoso e poder desfrutar ao seu lado de tantas coisas boas e inesquecíveis.