Cercamo-nos cada vez mais de proteção... Denise Cipolli

Cercamo-nos cada vez mais de proteção contra a nossa própria espécie.
Evitamos a todo custo o risco de nos machucarmos. Porém o homem não foi criado para existir sozinho, ainda que tenhamos a convicção de nos bastarmos, chegará o dia em que a solidão nos fará oposição. E na hora em que a insônia invadir nossa cama insistindo em sua tortura a nos manter acordados e aflitos, teremos tempo para refletir sobre o preço que pagamos pela escolha de nos afastarmos uns dos outros.
Nessa hora sentiremos uma angústia em nosso peito e um desejo enorme de chamar por alguém. Olharemos para o telefone e nos perguntaremos; - quem?
Pegaremos o aparelho e o fitaremos como se este pudesse nos responder, mas o que ouviremos será apenas o ruído de nossa respiração pesada. O colocaremos de volta no criado e pesadamente nos deitaremos na cama. Mãos ansiosas se esfregando sobre o ventre, os olhos a viajar pelo teto, como a fazer uma súplica. E uma cristalina lágrima a rolar no canto dos olhos. E a noite prosseguirá sua marcha silenciosa, só quebrada pelo irritante tic-tac do relógio.
E pensaremos , pensaremos ou melhor, divagaremos de um pensamento a outro, sem nenhuma linha racional, apenas mataremos as horas.
E tudo por nossa confortável opção de nos isolarmos de nós mesmos.
Costumo dizer e realmente creio que estamos todos conectados por um fio invisível, onde é impossível nos desligarmos uns dos outros.
Mas penso que este fio é muito fino, tênue e sua ligação não se aplica em certos estados emocionais. É como se este módulo, vamos chamá-lo assim fosse propositadamente desativado, para não nos sentirmos auto-suficientes e deixarmos de nos procurar.
Por esta razão tenho feito uma lista, das pessoas que gostava e deixei de vê-las, daqueles que perdi ao longo do caminho, vou em busca do elemento humano, nascemos e morremos sozinhos, mas entre essas duas fases existe a coexistência, e esta é feita de pessoas e todos os seres viventes. Abraçar é preciso, e a matemática é simples; número mínimo de braços: quatro, eu só tenho dois, logo....