Dúvidas Quando caminhava pela estrada... João Francisco da Costa

Dúvidas

Quando caminhava pela estrada da dúvida, buscava em suas esquinas respostas objetivas, as quais jamais encontrei.
As dúvidas e seus longos caminhos tortuosos me fizeram compreender que por mais que fiquemos divididos entre possibilidades, devemos sempre escutar aquilo que nossa razão determina: o fazer, o realizar, o acreditar em si mesmo e em sua força.
A dúvida recai sobre nós em momentos angustiantes de nosso processo de existência, em momentos os quais não deveríamos nem mesmo ter levantado da cama, isto é, quando deveríamos ter ficado dormindo.
Dúvidas são dádivas da Existência, é somente através delas que concebemos e entendemos que há caminhos pelos quais não devemos transitar que não devemos passar e, a partir disso, construímos o conhecimento de não errarmos. Não fossem as dúvidas, as probabilidades de cinquenta por cento dar certo e os outros cinquenta darem errado estariam fora do jogo do viver e ficaríamos bitolados a simplesmente errar e acertar, como numa lógica matemática nos apresentada onde as respostas são 0 e 1, não havendo em seu caminho, pedaços ou pilares onde poderíamos nos apoiar.
A dúvida é a irmã do devaneio e também da ambição. São trigêmeas que levam a humanidade a desolação de ter apostado errado em si mesmo, em sua vida, em seus anseios: o devaneio, porque muitas dúvidas nos levam a lugares de nossos sonhos que necessitaríamos de muitos anos para alcançá-los e a ambição, nos remete à destruição de tudo aquilo que aprendemos e dizemos que seguimos: amor, serenidade, inclusão. Não há na ambição espaço para inclusão, a não ser de si próprio.
É pelo caminho temeroso da dúvida de ser, de ter, de alcançar e buscar que realizamos a maior parte da construção de nossas vidas neste plano. É através desse caminho que nos fazemos SERES do processo evolutivo, que TEMOS força de superar os obstáculos a que a própria dúvida nos levou, que ALCANÇAMOS a esperada espera de um fato, de uma ação, de uma reação, que BUSCAMOS a estabilidade tão sonhada, seja ela material ou imaterial.
A dúvida da existência faz parte do ser humano, da existência humana, é um jogo de experiências e experimentações, de dar o passo correto ou em falso e, em ambos casos, sempre haverá a dúvida se ele foi ou não o mais sensato.
E é dessa forma que a vida se propaga, duvidando de si em si mesma, duvidando da força existente em cada ser humano, em cada animal, em cada vegetal.
Ficamos na dúvida quando nos levantamos e damos o primeiro passo, porque não sabemos se caminharemos ou não; ficamos na dúvida quando escolhemos um emprego, por que não sabemos se amanhã eu gostarei ou não, enfim, o processo evolutivo do ser está totalmente baseado na dúvida de tudo, de todos, a cerca do todo que nos permeia e nos rodeia.