Perdemo-nos a noção de alguns... Adriano Guedes

Perdemo-nos a noção de alguns conceitos básicos...
Sim, nos perdemos... Somos uma geração sem limites...
Não me isento desta culpa, tenho vergonha às vezes do que fazemos e do que nos transformamos...
Perdemos a noção do que é um relacionamento, seja ele namoro, noivado, casamento... Sabemos somente o que é ser solteiro, e fazemos muito bem isso... Admiro a sabedoria que temos para viver essa etapa de vida de solteiro conforme vivemos... Sabemos nos divertir muito.... Sim realmente sabemos...
Não sou a favor do extremismo, nem a exclusão e nem a interação absoluta, sou a favor do equilíbrio...
Acredito e defendo que é muito saudável o (a) parceiro (a) fazer atividades solas ou com amigos (as), porém o extremismo disso deixa de ser saudável...
Namoramo-nos, noivamos e casamos, porém não queremos abandonar aquelas atividades de solteiro, ou mesmo diminui-las... Achamos que temos o direito de sair para bares, baladas viagens com nossos amigos (as), sozinhos ou acompanhados com o (a) parceiro (a)...
Sim, é saudável que isso exista, mas em excesso não é relacionamento é vida de solteiro, que sabemos fazer muito bem...
Tudo é uma questão de escolha... Se fizer uma escolha, que seja bem pensada e então viva ela claramente e intensamente...
Meus amigos (as) já não se casam mais, e quando casam, é uma questão de tempo para separarem e voltarem a vida de solteiro, assim como são os namoros que já não duram...
Quando namoram, noivam ou casam, esquecem-se da opção que fizeram e continuam seus flertes e saídas às escondidas com outras pessoas... Defendem a privacidade de seus celulares, facebooks e outros meios, porém não sabem aproveitar, dentro “fede”, tem tanto “lixo”, que a ética, o caráter e a moral se envergonham de existirem como definição....
Quantas coisas boas, legais, divertidas e gostosas podemos fazer com o (a) parceiro (a)... Podemos ir a restaurantes, tomar café da manhã juntos, dormir juntos, viajar juntos, ir a bares e baladas juntos, passear no parque, andar de bicicleta ou praticar qualquer esporte que agrade ambos, ficar em casa e preparar uma comida para dois, beber um bom vinho ou drinque, assistir um filme em casa enquanto degusta uma pipoca e troca carícias, ir ao cinema e fazer o mesmo, apreciar um teatro...
Outro dia conversava a respeito que nunca encontramos um (a) parceiro (a) para frequentar uma ópera, é, uma ópera, parece cafona, brega, antiquado, porém é uma atividade gostosa para fazer a dois, com o (a) parceiro (a), porém as atividades atuais são únicas, sairmos com amigos sozinhos para tomarmos aquela cerveja, jogar futebol com os amigos, sair com as amigas para dançar ou beber em bares e baladas, todos sozinhos, e onde o (a) parceiro (a), entra em tua vida?
Isso se chama vida de solteiro, não consigo ver como um relacionamento...
Entendam que não disse que seja ruim fazer essas atividades, ou que não devemos fazê-las, porém elas preenchem tanto nossos tempos livres, que não sobram tempos para as outras atividades a dois, não sobra tempo para aquela ópera que mencionei...
Não me isento da culpa, quem disse que eu já dei a oportunidade para alguém me convidar a uma ópera, para ouvir uma orquestra sinfônica, para assistir aquela peça de teatro? Talvez eu também não tenha oferecido essa oportunidade, talvez eu também não saiba o que é um relacionamento, sabemos e fazemos muito bem feito o que é a vida de solteiro... Geração egoísta, geração que não se permite, que não se dá, que não se disponibiliza, que não compartilha, que não é cumplice, que tem medo da responsabilidade, que não aceita compartilhar, que não aceita dividir, viver a dois...
Penso e tento entender porque todos os dias as pessoas querem e procuram por alguém para se relacionar, sonham com um relacionamento sério e estável, porém nós não sabemos o que é isso, precisamos antes de tudo sabermos, nos prepararmos antes de desejarmos, temos que possuir a certeza do que queremos...
Nossos pais sabiam o que era um relacionamento, nossos avós também, e nós? Sabemos?
Acredito que podemos saber...
Do contrário estamos estragando um conceito gostoso da vida, estamos sumindo com algo legal para se viver, uma etapa divertida para saborear...
Deixaremos essa etapa para quem? Para as próximas gerações? Seremos a geração fútil, banal, tão inteligente para vivermos e nos divertirmos com a vida de solteiro, que sabemos fazer muito bem, porém não sabemos a próxima etapa?
Vamos resgatar as coisas boas para se viver e praticar a dois, vamos nos preparar, vamos aprender a separarmos as etapas...
Pensem a respeito, não me isento da falta de sabedoria, e vocês se isentam?