É esse medo de não pertencer a lugar... Kamylla Cavalcanti

É esse medo de não pertencer a lugar nenhum, de sentir que você está caminhando e caminhando, deixando coisas e pessoas pra trás mas nunca se sentindo a vontade o bastante pra se acomodar em algum lugar, pra encostar a cabeça em algum ombro e descansar. É tanta bagagem, dores, saudades e nenhum lugar pra acomodá-los, nenhum cômodo pra guardá-los e voltar a caminhar leve pra quem sabe encontrar um lar. Um horizonte que me acolha, um sorriso que me peça pra ficar, nenhuma promessa, apenas a certeza de uma paz esquecida, de uma paz de ter um lugar pra onde voltar quando meus pés estiverem cansados de ir por aí querendo encontrar sei lá o quê, quando meus olhos tiverem embaçados de uma dor que não é minha mas que carrego por força do destino. Mas eu não posso voltar, meu medo me fez perder o caminho, meu coração abriga uma fé que resiste mesmo que meus joelhos doam, mesmo que minhas orações se repitam, mesmo quando as pessoas se vão. É só uma vontade simples de querer me esquecer, acreditar que esse sol que me acorda é por um motivo, por uma razão. Não há vidas vãs, não há lágrimas vãs, esse sufoco de chorar só não é em vão, essa esperança que me faz acordar não é vã. Só me deixa dormir um pouco, me deixa fechar os olhos e ver nos meus sonhos uma razão pra tudo isso, me espera na próxima parada do fim da minha dor, me espera no início da minha cura, aceita meu coração cansado, meu caminho errado, minhas mão vazias e me pede pra ficar mesmo que seja pra doer de novo, mesmo que seja pra construir uma catedral e me perder dentro dela, por você eu fico, só por você eu aceito ter um lar.