Estava aqui lembrando que certa vez,... Letícia Beppler
Estava aqui lembrando que certa vez, ainda em épocas de “orkut”, viajando por comunidades e encontrando pessoas, acabei parando em um perfil de um rapaz muito novo que havia falecido. Quando comecei a olhar os “scraps” e me dei conta, já estava completamente envolvida e com os olhos cheios de lágrimas, mesmo sem conhecê-lo. A noiva deixava recados todos os dias... lindos, tristes, sinceros, sofridos. E eu passei horas e horas lendo tudo o que ela deixou desde o dia da morte dele até dois anos depois do acidente, e chorando desesperadamente, como se fosse comigo. Eu não tinha perdido alguém tão importante como ela e nem poderia imaginar a dor que ela estava sentindo... mas eu pensava em como era triste ver uma oportunidade de duas pessoas que se amavam tirada pela morte, enquanto em vida, há tantas pessoas jogando o amor no lixo. Nos recados ela falava dos sonhos, dos planos, dos momentos, dos apelidos e até nos nomes dos futuros filhos... e quantos de nós estamos hoje achando que tudo isso não passa de besteira? Estranho. O amor pode ser banalizado por toda uma maioria, mas a verdade é que ele nunca deixará de ser o sentimento mais puro, a saudade mais forte e o clichê que bem lá no fundo todo mundo deseja. O amor é aquele tipo “resistente” que não precisa que a maioria esteja sempre valorizando-o, porque já basta duas pessoas em reciprocidade para que ele se sinta vencedor. E quando a gente encontra pessoas com tamanha capacidade de amar, por mais que a gente não tenha, por mais que a gente não sinta ou não esteja num momento adequado, a gente sente junto. E chora junto. E admira. E lamenta... porque é isso que o amor faz! Coloquei na minha cabeça que sempre que eu estivesse precisando valorizar um sentimento, uma pessoa ou até mesmo a vida, eu iria até aquele perfil e leria novamente aquelas mensagens doídas. Não era filme, não era história, não era nada inventado. Era realidade, era crueldade, era saudade... de duas pessoas assim como eu e você! E hoje eu entrei lá de novo e mais uma vez, eu entendo porque além de valorizar a vida, temos que valorizar cada minuto ao lado das pessoas que amamos!